segunda-feira, 14 de junho de 2010

Relatos de mais alguma vida

Acho que a minha história é comum, porém por ela ser minha eu acho que ela é única, aliás ela é única já que não existem dois de mim, porém quando analisada de uma forma geral ela entra para um coletivo de histórias que são classificadas como iguais ou parecidas e perde seu valor essencial, seu valor real. A vida é assim, as pessoas classificam as coisas e não analisam cada situação em particular, eu até entendo, quem tem tempo ou saco para fazer isso né, e é muito mais fácil entender a situação pelo todo e não pelo um.
Tive muitos sonhos na minha vida, realizei alguns, outros não, e os que realizei depois percebi que o sonho era achar que aquilo era um sonho. O ser humano é curioso, nunca estamos satisfeitos, sempre queremos mais, sempre. Eu achava que quando chegasse a tal idade (76) eu estaria só esperando a morte, tranquilo e sereno pois já teria cumprido minhas obrigações. Haha! Vejam só, eu espero vida, estou assustado e longe de estar sereno. Não sei o que aconteceu comigo, eu sempre fui forte, duro com a família. Hoje eu me desmonto por dentro ao vê-los, não sou mais tão firme como era antes, me sinto perdido em meio a meus familiares pois sinto que meu tempo está muito a frente deles. Existem meus filhos, outros tios, netos, porém avós, só eu. Todos ainda com muitos anos pela frente e eu, no fim da vida, sem minha mulher que faleceu a 2 anos atrás. O que me motivava era o futuro, agora imaginem não ter futuro, saber que o futuro é uma mentira, que todas aquelas aspirações não foram suficientes, que tudo que foi feito serviu para me mostrar que a vida é um tudo de nada. Não me levem a mal, eu me sinto feliz pelos outros, mas não mais por mim, e não consigo viver só dessa felicidade alheia. Fui esquecido, virei passado no presente das pessoas que me cercam, meu corpo está cansado, porém meu espírito está inquieto, buscando um meio de fugir...

Nenhum comentário:

Postar um comentário